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Como superar a perda de um ente querido.

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Falar sobre perda é sempre muito difícil, pois a dor da perda é sempre imensa, e só pode ser mensurada por quem a está sentindo.  Mesmo que a gente saiba que todos estão ali ao lado para nos ajudar, perder alguém importante em nossas vidas é muito doloroso e por vezes insuportável… é como se estivéssemos tendo um pedaço arrancado, perdêssemos uma parte de nós mesmos.

Por que será que é tão difícil superar a perda de um ente querido?

E na verdade, estamos falando em perder exatamente o que?

Vamos refletir:

Quando convivemos com alguém, o que nós obtemos de gratificante sobre o relacionamento é a companhia da pessoa.  Ou seja, fazíamos coisas legais juntos, eu podia me abrir, confiar, me dava afeto, me fazia bem, etc.  Quando eu perco essa pessoa, não perco somente a figura amada, perco também estes outros prazeres.  Sinto que estou perdido por não saber em quem posso confiar.  Não consigo me abrir com outras pessoas.  Não me sinto tão confortável como com a pessoa que se foi.  São essas coisas que vão nos atrapalhar para lidar com a ausência de quem se foi.  Simplesmente porque no primeiro momento só conseguimos verificar que a pessoa se foi e com ela foi toda essa possibilidade de ser feliz.

Além desse sentimento de desamparo, ainda há a dúvida é: o que devo fazer agora, por onde começar?  Há uma burocracia a ser enfrentada; há os pertences da pessoa que faleceu – a casa, as roupas, os móveis…

O que fazer com tudo isso?

Em primeiro lugar é preciso que você se respeite.  Respeite o seu momento de dizer adeus.   Despeça-se de tudo o que desejar.  Se quiser, fique com uma lembrança, um objeto… e aos poucos, de acordo com o seu tempo, vá pensando em destinos para tudo isso.  Peça auxilio para amigos e parentes no ato de mexer nas coisas da pessoa falecida – esse momento é sempre difícil, pois você olhará para uma roupa e se lembrará do passeio que fizeram, do que viveram juntos quando a pessoa vestia aquela peça, e tudo isso faz parte do que chamamos de luto.  E o luto nada mais é do que a conscientização de que a pessoa realmente se foi.  E de que você permanece e, portanto, precisa dar seguimento para sua vida.

Permita-se ficar triste, chorar, relembrar, sofrer… esse é o momento da despedida e precisamos vive-lo.  Ninguém poderá vive-lo por nós, cada um terá o seu luto, cada um sentirá de seu jeito a dor da perda.

É muito comum pensamentos recorrentes de culpa, de arrependimento, de sofrimento por não ter dito algo que gostaria.  Para isso será importante compreender que nós todos fazemos aquilo que conseguimos em cada momento.  E no momento seguinte conseguimos olhar para trás e pensar: puxa vida, deveria ter feito X coisa.  Mas reparou que só conseguimos ver isso depois que passa?  É porque não estávamos prontos, maduros emocionalmente para ver a situação antes… então não alimente esses pensamentos.  Eles podem vir, mas se não forem alimentados, se você se propuser a buscar auxílio, a fazer coisas novas em vez de ficar sentado pensando nas mesmas coisas, certamente eles passarão.

E uma última situação é que, após começar a se sentir melhor, você precisa lembrar que sua vida continua.  Você tem outras pessoas que te amam, e que você ama também.   Você tem trabalho a fazer, tem sua vida para viver.

Vamos recordar o primeiro parágrafo da reflexão: 

Perdemos o sentido de fazer algumas coisas porque a pessoa que nos acompanhava não está mais aqui conosco.  Aqui são dois pontos fundamentais, que não podemos esquecer por nenhum segundo:

  1. A pessoa física se foi, mas ela só morrerá quando você a esquecer. Manter memorias, lembranças, fotos, recordações da pessoa amada é muito saudável pois ela fez parte de sua vida e você não deve apagar essa página.
  2. Para superar essa dor da perda será necessário construir novas relações com outras pessoas. Certamente haverá outras pessoas em quem você possa confiar, com quem você se sinta bem, que também te fazem feliz.

Mas espere!

Falamos em superar a dor da perda de um ente querido, em doar as coisas, em buscar novas pessoas e construir com elas relações harmoniosas e felizes de amizade, de afeto.

Mas não estamos falando para SUBSTITUIR a pessoa que se foi – ela é insubstituível.  Todos nós somos insubstituíveis.

Falamos sim em seguir em frente, em pensar que sua vida está aí para ser vivida, e certamente, aquela pessoa que o ama e que se foi, não gostaria de te ver entregando os pontos.  Afinal, quando amamos, sempre queremos ver a pessoa feliz!

Então, é hora de pensar em como você está enfrentando esse momento:
  1. Sente-se triste, mas já voltou ao trabalho.  As vezes se pega pensando e até chorando.  Mas na maioria do tempo consegue desempenhar suas atividades – é um bom indício… você está triste pela perda, mas está reagindo muito bem a ela.
  2. Você ainda não conseguiu voltar ao trabalho, não consegue se concentrar, não tem vontade de comer, não está dormindo bem mesmo após uma semana do falecimento; é importante consultar um psicólogo para que possam avaliar o que está acontecendo com você. Uma avaliação profissional irá lhe auxiliar a compreender os motivos pelos quais está tão difícil vivenciar esse momento que é intenso, mas que também deve ser passageiro.

Ter alguém para conversar sobre seus sentimentos, que possa lhe acolher, sem julgar, e também lhe ajudar a fazer análises sobre sua forma de lidar com sua perda é muito importante.

Cabe aqui ainda ressaltar que as crianças também vivenciam o luto – algumas enfrentam de forma mais adequada e outras não.  É mais difícil que as crianças consigam se expressar.  Portanto, precisamos ficar atentos aos sinais que normalmente se refletem na escola, seja em relação a desempenho, seja nos contatos sociais.  Uma conversa com os professores sempre é útil para avaliar se está tudo correndo bem.

Enfim, o ser humano tem grandes dificuldades em lidar com a dor da perda de qualquer coisa, principalmente superar a dor da perda de um ente querido.  Cada vez em que perdemos uma pessoa, a nossa finitude fica muito evidente.  E pensar que não poderemos mais viver com nossos filhos, trabalhar no que gostamos, comer aquela comidinha preferida, estar perto de quem amamos… o sentimento de que isso pode acabar nos traz grande angústia…

Tenho então uma última questão:  você realmente está aproveitando TODOS os momentos da sua vida AGORA?

NÃO?!

Então está na hora de rever e de mudar tudo isso – só depende de você!

E se precisar de ajuda, a terapia pode ser uma boa alternativa.

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