Câncer é uma doença multifatorial, o que significa dizer que envolve tanto aspectos biológicos (predisposição genética) quanto psicológicos (condições emocionais), e físicos (de exposição a substancias químicas até a própria alimentação). Portanto, compreender sua causa e descobrir sua cura se torna muito complexo, e por isso, embora anos de pesquisas, a medicina ainda não tem uma solução definitiva para esta doença.
Portanto, sendo uma doença causada por vários fatores, não podemos afirmar que aspectos psicológicos causem câncer, entretanto, há diversas pesquisas que revelam a interferência do aspecto psicológico no desenvolvimento e tratamento de muitas doenças.
A começar por quando a pessoa recebe o diagnóstico de câncer, é muito comum observarmos o sentimento: “Por que? O que eu fiz para merecer essa doença? “. Essa relação que a própria sociedade faz, colocando a doença como um castigo ou punição, não é real e só dificulta o engajamento do paciente. Infelizmente o período longo de tratamento e o sofrimento imposto pela doença acaba mantendo esse tipo de visão social.
Vale a pena ressaltar que a forma de lidar com o diagnóstico irá interferir diretamente na predisposição a tratamentos – que muitas vezes são invasivos, prolongados e geram muito desconforto e até dor.
Inúmeras pesquisas demonstram que condições adversas sejam elas de solidão, luto, inabilidade para expressão de sentimentos, depressão ou pressão/stress severos, geram interferência no sistema imunológico do indivíduo. Desta maneira, com o funcionamento do sistema imunológico alterado, há maior propensão para o desenvolvimento de doenças diversas, inclusive o câncer.
Portanto em resposta a questão no início do texto, é possível questionarmos o quanto as condições emocionais e psicológicas do indivíduo irão afetar seu tratamento e prognóstico.
Até onde vai o psicológico e o físico?
Embora não tenhamos uma definição científica conclusiva, algumas ideias precisam ser consideradas, pois inquestionavelmente irão fazer a diferença para uma condição melhor de vida do paciente e de sua família.
Manter-se em equilíbrio emocional, ou seja, em condições emocionais capazes de enfrentar os desafios da doença, aceitar suas limitações e muitas vezes as condições de dependência que a doença impõe, tornará mais provável que este individuo reaja melhor às condições adversas.
Uma postura apática, desacreditada das possibilidades do tratamento, pessimista sobre a progressão da doença e seu prognóstico, certamente não colocará o indivíduo em posição de enfrentamento da doença e por vezes poderá inclusive prejudicar a adesão ao tratamento.
Portanto fica cada vez mais evidente a contribuição da psicologia para o paciente oncológico. É fundamental que, além do acompanhamento médico, também tenha um acompanhamento psicológico, para que possa compreender melhor sua condição e suas necessidades.
Um indivíduo que tinha dificuldades em seu casamento, quando recebe um diagnóstico de câncer, não resolve sua história conjugal. Pelo contrário, o câncer e as dificuldades da relação terão que conviver em tempo integral. E quanto mais o paciente puder se preparar para lidar com as questões cotidianas, conseguirá preservar por mais tempo seu equilíbrio emocional que, se não o auxiliar, ao menos não o prejudicará.
A psicoterapia individual, a terapia de casal ou até mesmo a terapia familiar podem auxiliar o indivíduo, sua família e cuidadores, a minimizar conflitos e a levantar alternativas para o enfrentamento das dificuldades cotidianas, bem como das adversidades colocadas pela doença.
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